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HISTÓRICO DO CONDE FUTRESON
 

O meu livro tem a sua fonte no Drácula de Bram Stoker. Adaptei o Drácula de modo que ele pudesse fazer parte de uma aventura da turma do gordo, no Brasil. Mesmo com as mudanças que eu fiz esse livro não poderia ser publicado sem licença do autor caso pelo decurso do tempo após a morte do autor a obra não tivesse caído no domínio público.

Em 1922 foi lançado o famoso filme  alemão Nosferatu, considerado um clássico, onde os produtores fizeram várias alterações no enredo (o Conde Drácula era chamado de Conde Orlok) mas não escaparam. A viúva do Bram Stoker processou o filme por plágio e a sua exibição foi proibida, só voltando aos cinemas quando o livro caiu no domínio publico ou com licença da viúva ou dos herdeiros.

O segundo filme famoso sobre o livro, chamado também Drácula, saiu em 1931, mas os produtores obtiveram licença da viúva em troca de um pagamento. É um filme americano, que também ficou histórico, estrelado por Bèla Lugosi.

A verdade é que o Bram Stoker não só inventou o vampiro Drácula mas foi o primeiro a fazer um enredo bem estruturado sobre o assunto. Um enredo tão vivo, tão genial, possuidor de uma dinâmica e uma força dramática inigualáveis, que inibiu futuros autores de se aventurarem numa história original de vampiro que se afastasse do molde inventado por Bram Stoker.

Antes de Bram Stoker existiam lendas de vampiro, chupadores de sangue, entre todos os povos do mundo, mas eram lendas muito fraquinhas, sem estrutura e sem consistência. O vampiro fez a sua primeira entrada na literatura em 1819, época em que as histórias fantásticas com monstros começavam a entrar na moda. E tanto estavam na moda que o autor, John William Polidori estava fazendo uma vilegiatura nas margens do Lago de Genebra, junto a Lord Byron, Percy Shelley e Mary Shelley, a qual trabalhava na sua famosa obra Frankestein. O livro de John chamou-se The Vampyre, teve algum sucesso de época e desencadeou um onda de histórias de vampiro, todas elas muito frouxas, geralmente almas penadas (undead) que voltavam para sugar sangue.

O irlandês Bram Stoker que morava em Londres, onde era agente teatral e também escritor, foi quem botou vida na história do vampiro com o seu Drácula publicado em 1898.  Muitos hoje pensam que ele se inspirou numa lenda da Transilvania, o que é completamente errado. Pelo contrário Bram Stoker deu de presente para a Transilvania a história do Drácula. O autor já tinha na cabeça a estrutura da história e estava procurando um título para o livro. Na cabeça dele o livro ia chamar-se Vampiro (Wampyr) mas, como passava umas férias na cidade litorânea de Whitby, e freqüentando a biblioteca local, encontrou o nome do duque húngaro Vlad Tepes que tinha a alcunha de Dracul. Na margem daquele livro estava escrito à mão por um leitor desconhecido: “Dracul quer dizer Diabo”(Dracul meant Devil). Bram Stoker achou que era um ótimo nome para o seu vampiro, inclusive porque era nobre e o associava a batalhas passadas contra os turcos.

Isso quer dizer que se não fosse esse acaso e se não fosse o Bram Stoker, ninguém estaria hoje associando a Transilvânia com vampiros, nem os próprios habitantes do lugar. Ganharam de presente e estão fazendo bom proveito com o turismo. A magia dessa história não veio da tão decantada “pureza do folclore popular” e sim da cabeça e do cérebro de um escritor.

Note-se que o lugar onde o  barco fantasmagórico do Drácula aportou na Inglaterra foi justamente a cidade de Whitsby, onde, no livro, Mina e Lucy passavam férias e a cidadezinha é descrita com fidelidade no livro, tanto assim que ela oferece roteiros aos turistas baseados no livro de Bram Stoker, pois uma parte fundamental da ação se passa ali.

Houve mais dois filmes famosos sobre o  livro: o Drácula de 1958 e o Drácula de 1992. O Drácula de 1958, feito na Inglaterra (cujo título foi posteriormente mudado para The Terror of Drácula, para evitar confusão com o filme de Bèla Lugosi) nos presenteou com as melhores representações do Conde Drácula (por Christopher Lee) e do Doutor Van Elsing (pelo formidável Peter Cushing). O Drácula de 1992, dirigido por Francis Ford Coppola atribui-se uma maior fidelidade com o livro original mas ainda assim apresenta um série de mudanças, entre elas o rejuvenescimento do Conde e o seu demorado namoro formal, copiando um namoro real, com Mina. Não é defeito fazer adaptações, a passagem de livro para filme as exige, o defeito foi querer transformar uma história de entretenimento em “obra de arte”, no que resultou um evidente esnobismo que tirou a vida, a vibração e a força da história, sem falar que Gary Oldman como Drácula e Anthony Hopkins como Doutor Van Helsing estão lamentáveis, mormente se comparados a quem anteriormente nos fez vibrar nos mesmos papéis, como Christopher Lee, Bèla Lugosi e acima de todos Peter Cushing.

Voltando ao meu Conde Futreson, a base da estrutura dinâmica foi copiada do livro de Bram Stoker, daí ser confessadamente um plágio. O nome do conde (Futreson da Lucra) é  um anagrama de Drácula, ele é um morto vivo, nobre, que mora em um castelo em um pais distante, alimenta-se de sangue humano, a sua picada tem o poder contagioso de transformar os mordidos em sub-vampiros que passam a obedecer cegamente ao conde, cujos sub-vampiros por sua vez transformam em sub-vampiros aqueles a quem picam. O estrangeiro que o visita não é o inglês Johanatan Harker mas é a brasileira Jandira (Lucy), onde , vendo a fotografia da Berenice (Mina) o conde efetua a longa viagem, não para a Inglaterra mas para São Paulo, sempre levando o seu carregamento de terra, vital para a sua existência. No Brasil o conde investe contra a sua presa (Berenice/Mina) mas terá que lutar contra o seu formidável adversário, o frade João (Doutor Van Helsing). Como no livro de Bram Stoker o conde pode circular durante o dia e a luz apenas limita os seus poderes mas não o mata, ao contrário do que aconteceu nos filmes Nosferatu de 1922 e no Drácula de 1958. Sem falar do louco do meu sanatório, uma cópia do Renfield que estava confinado ao sanatório do Dr. Seward e acima de tudo da maneira de matar vampiro enfiando uma estaca no coração (por razões práticas omiti a necessidade de conjuntamente cortar a cabeça).

Sem esse molde, copiado do original, seria impossível o meu livro. O resto ficou por conta da minha imaginação.

Curiosidade: Ao final do filme Drácula de 1931, aparece na tela o ator Edward Van Sloan, ainda no papel de Doutor Van Helsing, que dirige um monólogo para a platéia onde aconselha os espectadores a ficarem atentos pois “os vampiros existem na realidade”. Com base numa lei de 1934 este monólogo foi retirado do filme por ocasião de sua reapresentação em 1936, sob a alegação de que isto apavorava além da medida a muita gente.

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